sábado, 12 de abril de 2014

Qual a graça?

Postou dia desses um amigo, que até chuchu as formigas têm devorado em sua casa...
Lembrei que na infância eu as via em açucareiros, bolos, doces e, a algumas mais favorecidas, cabia até uma lata de leite condensado. 
Comum ter que colocar uma guloseima fora porque descuidadosamente a deixamos ao alcance delas. Via formigas nesses casos e em suas trilhas cargueiras, abastecendo o lar. E a partir do post de meu amigo comecei a me dar conta que elas estão muito mais presentes do que no passado. Estão realmente presentes. Estão violentamente presentes, devorando de um tudo, aparecendo nos pequenos farelos de pão que ficaram na pia da cozinha por minutos, na fruteira, nos copos recém sujos de suco, refri, café...e, pasmem, no chuchu...No chuchu, formigas? Qual a graça?
Mas é no lixo que se esbaldam! É no lixo que curtem, que cultuam, que se reúnem, que dançam até... deve ser influência humana, só pode...estamos sendo observados pelas formigas! E temos dado exemplo, já que somente o doce suave e agradável que consumíamos no passado também não nos satisfaz. Já não levamos mais pra casa apenas o bem feito, o produzido com qualidade. Hoje estamos carregando pra dentro de nossas residências o farelo, o sem graça, o que exposto e disposto está. E a estes produtores é dada a autoridade de nos determinar o que iremos consumir. O lixo, o resto, a escória...e consumimos, tentando tirar disso um sabor que não satisfaz, simplesmente porquê não satisfaz mesmo, e dê-lhe mais lixo, e mais resto. E a manufatura de produtos com aspecto e textura de lixo se torna a grande detentora da orientação do mercado. Apenas selecionando-nos que tipo de lixo iremos consumir, e a que momento do dia, e a que dia da semana, e a que época do ano. E como formigas, baixamos as cabeças e deixamos entrar, toda sorte de lixo em nosso formigueiro, onde vivemos e onde vivem nossos filhotes. 
Farelo, resto, lixo, pobres filhotes, pobres formigas. 

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