Hoje
é dia de Grenal
Soube
disso hoje cedo assistindo o jornal
Hoje
é dia de Grenal
Meu
Porto prepara mais um carnaval
O
dia começou com uma briga na praça entre o dono do cão e a Maria
da Graça
Ela
não viu a cáca que tava no chão, e acabou se sujando, uma
indignação
Era
o grenal primeiro, cocô no canteiro contra pé de corredor
Depois
o ciclista que vinha na pista, atropelado pelo manobrista
Na
faixa vermelha caído gritava, não fuja, me ajude, olhe pra minha
dor
Era
o grenal segundo, o do motorista com o trabalhador
No
escritório uma pausa pra conversação, atiçava uma calorosa
discussão
Entre
o chefe vaidoso, dono da razão e a loiríssima gata da recepção
Sobre
as tais cotas de 20%, loira e pobre ela queria explicação
Era
o grenal terceiro entre o esperto abastado e a população.
Na
hora do almoço o garçon decidiu, só servir quem lhe fosse ao menos
gentil
Lembrou
daquele tempo que não volta mais
Em
que o homem dizia, somos todos iguais
Era
o quarto grenal separando de vez as classes sociais
Na
sacada do prédio a mulher reparou um encontro lascivo, uma prova de
amor
Disse:
agora de vez esse mundo acabou
Era
o filho da outra com seu professor
E
no quinto grenal Porto Alegre não via nada original
Se
tratava do papo da conservadora declarando guerra ao homossexual
Hoje
é dia de Grenal
Soube
disso hoje cedo assistindo o jornal
Hoje
é dia de Grenal
Meu
Porto prepara mais um carnaval
Mesmo
quando os dois times não entram em campo
Há
grenal na cidade por todos os cantos
Vermelhos,
azuis, verdes, pretos e brancos
Cada
qual puxa a brasa em sua direção
Essa
guerra maluca não tem solução
Olhando
de perto ninguém tem razão
Não
há vencedor nesse jogo entre irmão
Hoje
é dia de Grenal
Soube
disso hoje cedo assistindo o jornal
Hoje
é dia de Grenal
Meu
Porto prepara mais um carnaval