domingo, 10 de agosto de 2014

Dia de Grenal

Hoje é dia de Grenal
Soube disso hoje cedo assistindo o jornal
Hoje é dia de Grenal
Meu Porto prepara mais um carnaval
O dia começou com uma briga na praça entre o dono do cão e a Maria da Graça
Ela não viu a cáca que tava no chão, e acabou se sujando, uma indignação
Era o grenal primeiro, cocô no canteiro contra pé de corredor
Depois o ciclista que vinha na pista, atropelado pelo manobrista
Na faixa vermelha caído gritava, não fuja, me ajude, olhe pra minha dor
Era o grenal segundo, o do motorista com o trabalhador
No escritório uma pausa pra conversação, atiçava uma calorosa discussão
Entre o chefe vaidoso, dono da razão e a loiríssima gata da recepção
Sobre as tais cotas de 20%, loira e pobre ela queria explicação
Era o grenal terceiro entre o esperto abastado e a população.
Na hora do almoço o garçon decidiu, só servir quem lhe fosse ao menos gentil
Lembrou daquele tempo que não volta mais
Em que o homem dizia, somos todos iguais
Era o quarto grenal separando de vez as classes sociais
Na sacada do prédio a mulher reparou um encontro lascivo, uma prova de amor
Disse: agora de vez esse mundo acabou
Era o filho da outra com seu professor
E no quinto grenal Porto Alegre não via nada original
Se tratava do papo da conservadora declarando guerra ao homossexual
Hoje é dia de Grenal
Soube disso hoje cedo assistindo o jornal
Hoje é dia de Grenal
Meu Porto prepara mais um carnaval
Mesmo quando os dois times não entram em campo
Há grenal na cidade por todos os cantos
Vermelhos, azuis, verdes, pretos e brancos
Cada qual puxa a brasa em sua direção
Essa guerra maluca não tem solução
Olhando de perto ninguém tem razão
Não há vencedor nesse jogo entre irmão
Hoje é dia de Grenal
Soube disso hoje cedo assistindo o jornal
Hoje é dia de Grenal

Meu Porto prepara mais um carnaval

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